ATA DA TRIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 13.10.1994.
Aos treze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às vinte horas e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, foram abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Jornalista Walter Galvani, de acordo com o Requerimento nº 07/94 (Processo nº 759/94) de autoria do Vereador Antonio Hohlfeldt. Compuseram a Mesa: O Vereador Clóvis Ilgenfritz, 2º Vice-Presidente desta Casa no exercício da Presidência, o Jornalista Walter Galvani, Homenageado, o Deputado Federal Jorge Uequed, o Deputado Federal Victor Faccioni, o Presidente da Associação Riograndense de Imprensa, Senhor Antonio Gonzales, o Senhor Roque Jacoby, Presidente da Câmara Riograndense do Livro e o Deputado Estadual Germano Bonow. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, concedendo, logo após, a palavra aos Vereadores que falariam sobre a presente homenagem. O Vereador Antonio Hohlfeldt, como proponente e em nome das Bancadas do PSDB, PDT, PMDB, PC do B, PP, PPS e PT, destacou as qualidades profissionais do Jornalista Walter Galvani, registrando a presença de diversas personalidades na Sessão ligadas ao jornalismo presente e à história do jornalismo em nosso Estado. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, como extensão da Mesa da Senhora Carla Irigaray, esposa do homenageado, dos filhos do casal, da ex-Vereadora Terezinha Irigaray, do Jornalista Firmino Cardoso, da Senhora Sandra Baldo, representante do Senhor Prefeito Municipal, do ex-Vereador Frederico Barbosa e do Senhor Hugo Lagranha, ex-Prefeito de Canoas e Deputado Federal eleito. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu novamente a palavra aos Vereadores que se manifestariam sobre a presente homenagem. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, lembrando Rui Barbosa, elogiou as qualidades profissionais do homenageado e seu trabalho no jornal “Folha da Tarde”. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, destacou o merecimento desta homenagem, reportando-se à coluna “Bric-à-Brac”, publicada na “Folha da Tarde” e a colaboração do homenageado nas lutas do magistério. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Antonio Hohlfeldt e a esposa do homenageado para realizarem a entrega do Título de Cidadão Emérito ao Jornalista Walter Galvani e, logo após, convidou o Senhor Antonio Dias de Melo para fazer a entrega de uma placa oferecida em nome do Restaurante Gambrinus, por sua atuação em prol da preservação do Mercado Público. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Walter Galvani que, rememorando episódios de sua biografia e de sua carreira como jornalista, agradeceu à presente homenagem. Às vinte e uma horas e três minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu à presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz, nos termos regimentais, e secretariados pelo Vereador Wilton Araújo. Do que eu, Wilton Araújo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento
original.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis
Ilgenfritz):
Boa noite, Senhoras e Senhores. Esta Sessão, destinada à entrega de Título
Honorífico ao Cidadão Emérito ao Jornalista Walter Galvani, tem início neste
momento, e eu tenho a honra de presidi-la, representando a Mesa e os Vereadores
de Porto Alegre.
(O Presidente convida os componentes da Mesa a tomarem seus lugares.)
Para dar início à solenidade, convidamos a todos para, em pé,
assistirem à execução do Hino Nacional.
(O Hino Nacional é executado.)
Temos a honra de convidar o proponente da entrega do título ao
Jornalista Walter Galvani, nosso colega Ver. Antonio Hohlfeldt, para fazer uso
da palavra. Ele falará em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PC do B, PP, PSDB,
PPS, e peço que fale também em nome da Bancada do PT.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) Eu poderia iniciar essa oração, que
fiz questão de não escrever, mas também não pretendo fazê-la apenas de
improviso - para não repetir aquela história de “vou ler o improviso que fiz em
quatro laudas” -, mencionando algumas das pessoas que aqui estão. Gostaria de
começar, antes de tudo, por toda a geração de jornalistas da Caldas Júnior, do
“Correio do Povo” e da “Folha da Tarde”, através do Benito, através do Marco
Kramer e através de tantos companheiros que estão aqui, que são aqueles
companheiros com quem Walter privou em diferentes momentos. Isso certamente
define um pouco os motivos pelos quais nós, hoje, traduzimos nesta Sessão a
homenagem que fazemos a ele. Mas também posso citar outras pessoas que aqui
estão: todo o segmento da área da cultura, desde Nicéia Brasil, que respondeu
durante tantos anos pela área, lá na Assembléia Legislativa, até Osvaldo
Goidanich e Aldo Obino, que, além de serem jornalistas da mesma Caldas Junior,
responderam, em fases diferentes, por diferentes projetos da divulgação
cultural. Poderia também falar de todo o segmento de políticos com ou sem
mandato neste atual momento, com ou sem mandato parlamentar, mas, muitas vezes,
com tarefas na área administrativa do Executivo, como Frederico Barbosa, como
Terezinha Irigaray, como o sempre Prefeito de Canoas, Hugo Lagranha, que, mesmo
tornando-se agora Deputado Federal, voltará a ser, com toda a certeza, Prefeito
de Canoas. Isso traduz um outro lado que o Galvani cobriu como jornalista
profissional.
Eu teria que citar, também, o nosso companheiro, representante de um
setor social extremamente importante, que é o representante do Gambrinus.
Afinal de contas, ninguém é de ferro; se temos de festejar uma profissão, ela
deve ser festejada em restaurante. Se hoje é o Copacabana, muitas vezes foram
outros tantos restaurantes, dentre eles o Gambrinus, hoje aqui representado.
Gostaria de me dirigir, muito especialmente, aos companheiros da nova
geração de jornalistas, especialmente da Rádio Guaíba, do “Correio do Povo”,
porque acho que, de cada segmento desses que quero aqui mencionar, e estou
mencionando, poderia pegar de cada um e de cada pessoa aqui presente uma frase,
aquela impressão que cada um de nós guarda de Walter Galvani e, com cada uma
dessas frases, compor um discurso de homenagem ao nosso hoje homenageado.
Poderia falar dos atuais Vereadores, como Jocelin Azambuja, Wilton Araújo,
Clovis Ilgenfritz, que se encontra na direção dos trabalhos; eu poderia falar
daquela profissional que começou como colega de trabalho e acabou, também, como
companheira de vida, que é a Carla Irigaray, cujo início de sua tarefa
profissional eu acompanhei. Cada um de nós teria uma impressão de Walter e com
isso comporíamos um retrato de corpo inteiro. Mas reza o sistema representativo
que só falem, basicamente, os Vereadores, o que, às vezes, é ruim, porque
certamente Hugo Lagranha teria algumas histórias incríveis para contar, assim
como o Obino, o Goidanich, o Marco, exatamente ao longo de todo esse tempo em
que convivemos, diferentes momentos, às vezes bons, às vezes maus, ou difíceis
momentos da nossa profissão.
Walter, eu queria falar, sobretudo, do porquê de podermos fazer esta
homenagem hoje. Eu quero resumi-la numa única palavra e nesta palavra dizer
tudo aquilo que realmente nós te devemos. Tu foste e tens sido até este momento
jornalista, pura e simplesmente isso. E jornalista num tempo complicado como o
que o Brasil tem vivido ao longo desse período em que Walter Galvani exerceu
sua profissão é dizer muito e é, provavelmente, dizer tudo. É dizer do desafio
de começar uma carreira que na época não tinha preparação profissional
específica. A gente decidia ser jornalista, metia a cara, chegava numa empresa
de comunicação e dizia: “Eu sei escrever, junto as letrinhas, formo as
palavras, e quero ser jornalista.” Aí o chefe de redação normalmente olhava
para a cara da gente e dizia: “Esse é mais um morto de fome. Vamos lá; dá para
integrá-lo à redação.” E lá a gente ia ser jornalista. Não deve ter sido muito
diferente o início do Walter, como não foi o meu e como não foi o início de
muitos que aqui estão. Nós resolvemos um dia ser jornalistas. Depois inventaram
os cursos de comunicação, mas muito depois, e quando se estava lá dentro a
gente virava “foca”, e “foca” é um inferno, ou melhor, às vezes é um céu, pois
mandam a gente fazer tudo. A gente conhece Deus e todo o mundo. Quando se vence
o medo - e o Aldo Obino está rindo, porque deve estar lembrando do seu tempo de
iniciação nessa área -, a gente faz boas entrevistas e até arranja um “furo”
para o jornal, e aí é a glória, pois no outro dia a gente assina essa matéria e
se sente o melhor jornalista do mundo. Mas às vezes se é “furado”, e aí é
terrível, porque a gente se sente o pior jornalista do mundo. “Por que eu não
tinha feito antes aquele encontro com aquela fonte, com aquele sujeito, que
podia me dar aquela informação? Por que não pensei antes?” Ou coisa parecida.
Mas, sobretudo, a profissão de jornalista nos ensina a ter humildade em relação
às possibilidades de correr-se um risco, dia a dia, de trair a nossa fonte, de
trair a informação, mesmo com a nossa melhor boa vontade e dedicação.
Eu venho, prezado Walter e companheiros que aqui se encontram, de uma
aula de mestrado, exatamente na Faculdade de Comunicação da PUC, onde nós
revíamos um filme que provavelmente a maioria dos senhores já assistiu e que se
chama “Todos os Homens do Presidente”, a história do caso “Watergate”. Eu vinha
pensando, Walter, que eu queria relembrar esse episódio, talvez um dos mais
referenciais da função do jornalismo dos tempos contemporâneos, para pensar
exatamente em voz alta com vocês o significado dessa nossa profissão, do
jornalismo, desta responsabilidade que nós temos vinte e quatro horas por dia,
todos os dias, de transmitirmos informações que mantenham as pessoas
atualizadas e, ao mesmo tempo, corretamente atualizadas, e o nosso tempo é
permanentemente exíguo. Nós não temos muito tempo para pensar, entre buscar
informação, colocar essa informação no papel e tê-la imediatamente transmitida
através do rádio, da televisão, como é hoje a experiência contemporânea do
Walter, ou através do jornal, como foi a nossa experiência ao longo de tantos e
tantos anos, onde a gente tinha, talvez, um pouquinho mais de tempo até a
madrugada, até a uma hora da manhã ou duas horas da manhã, quando se fechava o
jornal. Aqueles bons tempos do “Correio do Povo” e da “Folha da Tarde”! A
“Folha da Tarde” fechava de manhã cedo, mas, enfim, onde a gente podia tentar
esclarecer a última dúvida para evitar que a notícia saísse incompleta ou até
errada apesar de nossos esforços. Foram tempos difíceis esses. O Galvani
experimentou de todos os setores. Eu ainda checava com ele, ainda há pouco, se
era verdade, ou fofoca, que ele fez crônica social, e ele disse que sim, era
verdade. Ele fez crônica policial, esportiva, cobriu política, cobriu economia,
foi repórter dia a dia da redação, depois foi editor de setor, foi responsável
final pela “Folha da Tarde”, de tal maneira que, sem o “Correio do Povo,”
quando a gente falava dele, a primeira imagem era a de Breno Caldas e a segunda
era o Adail Borges Fortes; “Folha da Tarde,” a primeira imagem era Breno
Caldas, mas a segunda era, certamente, o Walter Galvani. Quando a gente queria
falar mal da “Folha” dizia: “É culpa do Galvani.” Quando a gente queria falar
bem da “Folha”, dizia: “Aí a culpa era do Walter.” Aí não era bem do Galvani,
dava um desconto, mas ele era sempre a referência. Eu não sei se o Walter vai
lembrar: uma ou duas vezes, eu levei algum iniciante para saber se havia uma
vaguinha na “Folha da Tarde” com o Walter. O Walter sempre com o estilo de
bonachão, como até hoje... Ele estava sempre rindo, sentado na sua cadeira ou
perambulando pela Redação, conversando com um, conversando com outro, tomando
um cafezinho, subindo ao bar, descendo, indo no arquivo, retornando, e, quando
pensávamos que ele não tinha prestado atenção em nada, ele dizia para o guri
passar lá no outro dia que iam bater um papo. Normalmente o guri acabava
começando a trabalhar na “Folha da Tarde”.
Certamente o Walter pode contar muitos dos jornalistas que hoje têm
nome no jornalismo do Rio Grande - talvez até tenham saído daqui -, que
começaram lá no espaço da “Folha da Tarde”. A “Folha” foi uma experiência
jornalística muito específica, nascida, primeiro, como a “Folha Esportiva”,
depois se tornando um jornal autônomo com a “Folha da Tarde” propriamente dita,
um jornal que tentava abrir um espaço novo no jornalismo de Porto Alegre, normalmente
centrado nos jornais matutinos, nos jornais que falavam a sério, e a “Folha”
tentava quebrar esse padrão, trazer um outro tipo de linguagem para o
jornalismo do Rio Grande do Sul. A “Folha” foi, sem dúvida nenhuma, uma
experiência extremamente importante para todos nós, e acho que não faço nenhum
exagero em dizer que a história da “Folha” também é a história de jornalismo do
Walter Galvani. Talvez o Galvani tenha mais tempo de jornalismo do que tenha de
existência a “Folha da Tarde”, porque o Walter começou antes da “Folha” e ele
sobreviveu à “Folha da Tarde”, mas, de toda maneira, a história da “Folha da
Tarde” é também um pouco a história de jornalismo de Walter Galvani.
Com Walter Galvani também tive uma outra experiência significativa, que
sempre evoco com muito carinho, que foi a experiência da revista “Signo”. Eu
não estava no Brasil nesse período, vivia no Exterior, e o Walter havia recém
iniciado a edição da revista. Era um período complicado da história da imprensa
no Brasil, no Rio Grande do Sul, e o Walter insistia em fazer jornalismo,
inventava a revista, pedia contribuições, financiava praticamente do seu
próprio bolso a publicação da revista, porque obviamente não era
auto-suficiente naquele primeiro momento, e a gente participava de um sonho à
distância. Lá de Montreal, Canadá, eu mandava as matérias por avião, porque
ainda não tinha o fax, ou coisa parecida, e as matérias chegavam para saírem
depois na revista “Signo”. No retorno, na falência do “Correio do Povo”,
Galvani não se dobra. Vai experimentar jornalismo em outros campos. Aprende
assessoria de imprensa, vai se estabelecer em Canoas, trabalha onde pode. Onde
tem jornalismo lá está o Walter Galvani, e mais recentemente, para culminar,
essa experiência do rádio, onde mais uma vez Galvani inova. Sem dúvida nenhuma,
a linguagem utilizada no programa que hoje é um horário obrigatório na Rádio
Guaíba é uma linguagem que de novo quebrava o padrão de programas desse tipo em
rádio no Rio Grande do Sul. É um programa descontraído, é um programa de
conversa, é um programa onde o Galvani simultaneamente faz o papel do cronista,
faz o papel do entrevistador, faz o papel do “anchor-man” e faz, sobretudo, o
papel do amigo que é capaz de aproximar o ouvinte ao pé do rádio, literalmente,
fazendo com que a conversa flua ao longo daquelas horas em que o programa dura.
Não é por acaso que a emissora deslocou o programa da noite para a hora do
almoço. Evidentemente, só o Galvani conseguiria competir diretamente com o
horário da televisão, onde ficamos dividindo o nosso tempo entre acertar na
boca a comida e ver o repórter trazendo uma nova informação na hora do almoço.
O espaço que o Galvani criou parece que conseguiu esse desafio, que é
exatamente de competir no horário e na atenção do ouvinte.
Esses são, portanto, os motivos básicos. Os motivos, como eu disse,
sintetizam-se numa única palavra. Galvani merece uma homenagem porque Galvani
foi e é, acima de tudo, permanentemente um jornalista. Nesses tempos bicudos,
ser jornalista é para nós extremamente importante. Mas existe um segundo motivo
que vocês podem medir e pesar. Por isso serei breve. Não é por acaso que todos
nós estamos aqui. O meu prezado amigo Dirceu, do arquivo da Caldas Júnior, é
uma pessoa que quase ninguém vê, porque ele está lá escondido, mas é
fundamental ao longo dos anos de edição do jornal. Até o Ver. João Dib, que
aqui está, tem toda uma história de serviço prestado a esta Cidade. Cada um de
nós, certamente, tem uma boa lembrança de Walter Galvani. Cada um de nós, em
algum momento que cruzou com Walter Galvani, teve uma palavra positiva, teve um
sorriso, teve um aperto de mão, teve uma força, uma única palavra, se possível;
teve um sinal de amizade. Esse é o segundo motivo que eu queria registrar.
Walter Galvani, além de jornalista, sempre foi amigo. Essas são duas coisas
cada vez mais raras no Brasil e nesses tempos difíceis. Por esses dois motivos,
Galvani, pelo menos, mereces esta homenagem que foi uma proposta trazida por
nós, mas que teve o aval dos trinta e três Vereadores desta Casa, e, sobretudo
pela presença dos amigos que fizeste ao longo do tempo, tens o aval, com
certeza, da Cidade de Porto Alegre, que estamos traduzindo hoje.
Um abraço, e espero que durante muitos anos continues sendo jornalista,
porque, quanto ao amigo, não temos dúvida de que vais continuar sendo sempre.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de convidar o nosso
próximo orador, queremos saudar a presença da Sra. Carla Irigaray, esposa do
nosso homenageado, saudar os seus filhos que estão presentes também e
considerar, como extensão da Mesa, a Exma. Sra. Secretária da Educação de
Sapucaia do Sul, nossa ex-Vereadora, Terezinha Irigaray; o Jornalista Firmino
Cardoso, da ARI, que está sempre conosco aqui na Câmara; a Sra. Sandra J.
Baldo, que representa o Prefeito Municipal, Dr. Tarso Genro, que está em
viagem; o Sr. Frederico Barbosa, ex-Vereador e ex-Secretário da Educação,
também nos honra; o Sr. Hugo Lagranha, que já foi citado pelo orador,
ex-Prefeito quatro vezes de Canoas e Deputado Federal eleito, e ainda saudar
todos os colegas do jornalista que estão aqui presentes.
Convidamos o Ver. João Dib para falar em nome da Bancada do PPR.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) “Cada jornalista é para o comum do
povo, ao mesmo tempo, um mestre de primeiras letras e um catedrático da
democracia em ação, um advogado e um sensor, um familiar e um magistrado;
bebidas com o primeiro pão do dia, as suas lições penetram até o fundo das consciências
inexpertas, onde vão elaborar a moral usual, os sentimentos e os impulsos de
que depende a sorte dos governos e das nações.”
Rui Barbosa poderia ter escrito este pensamento falando em Walter
Galvani e seus quarenta anos de trabalho em prol da coletividade, quarenta anos
que o nosso querido Antonio Hohlfeldt relatou, e muito bem, onde ele foi
jornalista e onde ele foi amigo, onde ele continua sendo jornalista e continua
sendo amigo. Cada um de nós terá, por certo, uma palavra para lembrar, um apoio
para ser lembrado, partindo dessa figura extraordinária que é Walter Galvani.
Dada toda a relação de realizações de Walter Galvani, e que todos
conhecem bem porque somos amigos de Walter Galvani, faz-me lembrar aqueles dois
homens que trabalhavam numa construção e uma pessoa olhava para os dois. Um
trabalhava rindo, o outro trabalhava contrariado, mas os dois faziam a mesma
coisa. Então, ele se dirigiu para aquele que estava mais bravo e perguntou: “O
que o senhor faz?” “O senhor não vê que eu estou construindo uma parede?” Ele
se afastou e foi para o outro, que trabalhava cantando, e perguntou: “E o
senhor, o que está fazendo?” “Ora, meu amigo, o senhor não vê que eu construo
uma catedral?”
Quando o Antonio relatava as realizações do Galvani, eu fiquei enxergando
o Galvani sorrindo para aqueles que chegavam até ele na redação do “Correio do
Povo”, da “Folha da Tarde,” sempre solícito, sempre amigo e sempre jornalista,
onde quer que estivesse. Realmente, ao longo de quarenta anos, Galvani vem
construindo a sua catedral: catedral do trabalho, da amizade, do jornalismo, da
seriedade, da responsabilidade e da competência.
Mas Walter Galvani está recebendo um título hoje, sem dúvida nenhuma,
merecido. Ninguém faz nada sozinho, Walter Galvani. Esse título, se não fosse
aquele auditório extraordinário que permanentemente o acompanha, provavelmente
não estivesse sendo recebido. Se naqueles teus momentos de dificuldades, de
estresse, de preocupação, quando chegavas em casa, não encontrasses o sorriso
da Carla, o apoio da Gabriela, da Alessandra, da Ana Luíza e de seu esposo
Luiz, e agora desta figura maravilhosa que nos faz todos sorrir, o Luiz Felipe,
talvez não fosse tão fácil, talvez não fosses receber este título dentre tantos
outros que ao longo de quarenta anos, com toda a justiça, te foram conferidos.
Então, creio que a estas pessoas também se dirige esta homenagem prestada pela
Câmara por iniciativa de Antonio Hohlfeldt. Mas, Walter Galvani, na vida de
todos nós existem momentos bons e momentos ruins, e os bons devem ser
depositados nas contas de poupança de nossas vidas para que, quando os outros
ruins vierem, e às vezes em maior número, possam ser suportados com toda a
tranqüilidade. Este, para ti, é um momento de glória, de orgulho, de
satisfação, que eu sei que divides com teus amigos, com teus familiares, mas
deposita-o nesta tua conta de poupança da vida para que possas, ao longo do
tempo, continuar sendo o mesmo jornalista, o mesmo amigo e o mesmo homem
sorridente.
Também quero dizer que, ao prestarmos esta homenagem, tu passas a ser
um homem marcado como exemplo de que as coisas boas feitas frutificam e fazem
com que os amigos se reúnam, aplaudam e digam que tu és uma pessoa em que eles
depositam confiança, e que continuam depositando confiança. E nós temos certeza
de que, ao logo de muito tempo, vais continuar sendo útil a teu Rio Grande, a
tua Porto Alegre, a tua Canoas, mas ao teu Brasil, em especial. Desejamos toda
a saúde e todo o sucesso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja
está com a palavra para falar em nome da Bancada do PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Este momento é
um momento singular e muito importante na nossa vida. O Walter Galvani - bem
lembrava o Ver. Antonio Hohlfeldt, que teve a feliz idéia de prestar esta
homenagem de dar o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao nosso querido
Walter Galvani - nos faz lembrar de uma passagem muito especial da “Folha da
Tarde.”
Este mês foi muito rico em lembranças e homenagens. Há poucos dias
fazíamos nesta Casa homenagem ao “Correio do Povo”, que ingressa no ano do seu
centenário, fechando seus noventa e nove anos de existência. E nós, na saudação
que fazíamos à Direção do “Correio do Povo”, aos seus funcionários, a todos os
que lá produzem e trabalham para as comunicações do Rio Grande do Sul,
lembrávamos da importância de, quem sabe, daqui a uns dias vermos resgatada a
nossa “Folha da Tarde”. Tenho um carinho muito especial pela “Folha da Tarde”
porque, de vez em quando, saíam na coluna do “Bric-à-Brac” as poesias do meu
pai, meu querido pai que já se foi. Era uma alegria muito grande ver as poesias
de meu pai serem publicadas naquela coluna - e que tinha lá, quem sabe, um dedo
do Walter Galvani e dos jornalistas que lá trabalhavam, de permitir a
publicação das poesias de meu pai. Lembro até de um dia em que, chegando ao
Colégio Inácio Montanha, a professora começou a fazer um estudo de uma poesia
clássica com os estudantes. Dali a pouco, vi que a poesia era de meu pai. Ela
estava com a coluna do “Bric-à-Brac” na mão, e dali havia retirado a poesia;
foi um momento de muita alegria na sala de aula.
São coisas como essa que fazem com que tenhamos uma ligação com pessoas
com as quais nem tínhamos convivência - eu não conhecia o Walter Galvani
pessoalmente, mas já havia ouvido falar no jornalista. Depois, num momento
muito ímpar da minha vida, quando fundamos a Federação dos Círculos de Pais e
Mestres do Rio Grande do Sul, o Walter Galvani - na Rádio Pampa àquela época -
nos abria espaço para que falássemos das lutas permanentes pela educação, pelo
magistério, pelo respeito que devemos ter pelo processo de desenvolvimento,
pelos professores, especialmente, que são as molas propulsoras do processo de
desenvolvimento deste País, mas que, lamentavelmente, continuam desvalorizados
e desrespeitados - um dia, é claro, vamos resgatar. O Walter Galvani sempre nos
abria o microfone. Depois, de volta à Rádio Guaíba, o mesmo espaço, o mesmo
trabalho, o mesmo jornalismo sério e responsável. Como é bom pensarmos nestas
palavras: seriedade, responsabilidade e profissionalismo. É do que precisamos
nos meios de comunicação, porque o dever e a responsabilidade que têm os homens
de imprensa e os meios de comunicação na vida do nosso País, hoje, são vitais.
Diz-se, até, que é o maior poder; é o poder que constrói e que destrói. É um
poder que merece uma profunda reflexão da sociedade. Lembro-me, quando
lançávamos uma campanha de leitura crítica dos meios de comunicação, do quanto
é importante para a juventude e para a sociedade ter um processo de consciência
da realidade e da leitura crítica dos meios de comunicação, de saber - um pai e
uma mãe, um jovem e uma criança - que há várias opções de comunicação, quer
escrita, quer falada, quer televisionada, que há inúmeros canais e
profissionais trabalhando, traduzindo uma mensagem positiva para a sociedade.
Hoje, quando se homenageia um jornalista que é símbolo de um trabalho sério,
responsável, também se faz a reflexão sobre todos esses jornalistas que estão
aqui, muitos deles jovens que estão iniciando sua profissão, sobre a
responsabilidade que têm para construir uma sociedade séria, justa e
responsável, valorizando aquilo que é positivo, que é bom, que é sério. Nós
refletimos nesta realidade a própria vida de nós todos, da classe política: o
quanto o jornalismo responsável tem a ver com o próprio futuro da classe
política, valorizando os bons, os sérios, os honestos, os responsáveis. Por
isso é que, neste momento em que homenageamos Walter Galvani, temos a obrigação
de fazer essa reflexão, porque sabemos do trato sério que ele tem dado sempre
aos meios de comunicação onde atua, da responsabilidade e consciência
profissional que ele tem, e ele sabe que é devedor dessa consciência à
sociedade. É por isso que, quando o Vereador e Jornalista Antonio Hohlfeldt
propôs nesta Casa esta homenagem a Walter Galvani, todos disseram “sim”, porque
sabiam do profissional que ele era e que ele é.
Este Título, que é conferido a muito poucos, é o reconhecimento,
Walter, do teu trabalho sério, profissional e responsável. Muito obrigado.
Continua assim. Nós estamos honrados contigo e Porto Alegre mais ainda. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Além dos Vereadores que
usaram a palavra, também está presente entre nós o Ver. Wilton Araújo.
Nós queremos convidá-los para o momento culminante desta nossa festa,
chamando também o Ver. Antonio Hohlfeldt para conosco fazer a entrega do Título
de Cidadão Emérito ao Jornalista Walter Galvani. Convidamos, também, sua
esposa, Dona Carla, para fazer parte desta entrega.
(Procede-se à entrega do Título. Palmas.)
Ato contínuo, convidamos o Sr. Antonio Dias de Melo para também fazer a
entrega de uma placa oferecida em nome do Restaurante Gambrinus.
O SR. ANTONIO DIAS DE MELO: Ao Jornalista Galvani a
homenagem do Bar Gambrinus pelo muito que fez pelo nosso Mercado Público, no
dia em que recebe as justas homenagens da Câmara Municipal.
(Procede à entrega da placa. Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Walter Galvani, nosso
homenageado, está com a palavra.
O SR. WALTER GALVANI: Ilustríssimo Ver. Clovis
Ilgenfritz, no exercício da Presidência desta Sessão; Sr. Deputado Federal
Victor Faccioni; Sr. Deputado Federal Jorge Uequed; meu querido amigo Roque
Jacoby, meu editor, responsável por algumas atrapalhadas que ando colocando no
mercado e que não o deixo dormir tranqüilo, porque ele recém chegou da Alemanha
e eu já disse: “Roque, eu já tenho outro original na mão.” Ele diz: “Calma!”;
querido amigo Deputado Germano Bonow, querido companheiro de tantos anos;
Antonio Gonzales, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa; Júlio
Vieira, Presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro; não poderia nunca deixar de
saudar o Hugo Lagranha, tetraprefeito de Canoas, Deputado Federal eleito,
próximo Prefeito de Canoas - ele será eleito na próxima eleição, coisa lógica
e, provavelmente, depois Senador e o que mais ele quiser; o povo de Canoas não
discute, só pergunta o que ele quer ser.
Meus queridos colegas, companheiros de trabalho que aqui estão,
companheiros de tanto tempo. Vejo, com a maior alegria e emoção, pessoas como
Osvaldo Goidanich, Aldo Obino, Marco Antônio Kraemer, Edmundo Soares, Benito
Giusti, Dirceu Gomes, enfim, vou passando os olhos e vejo que aqui estão todos
os meus amigos e companheiros desta jornada de quarenta anos. E quero avisar
que estou chegando na metade da carreira; preparem-se para me aturar por mais
algum tempo. Tantos são os amigos representados aqui... Se fosse citar nomes,
eu cometeria uma injustiça. Também estão meus amigos de infância de Canoas, num
grupo representado pelo Darwin Longoni, que era muito melhor do que eu no
microfone - aliás, ele casou pelo microfone; ele conquistou sua esposa pelo
microfone; isto é que era voz! Tantos outros companheiros... Canabarro Trois, o
Valter. Enfim, tanta gente amiga que me acompanhou. Para onde eu olho tem
alguém que representa uma etapa de minha existência. O Delmedes Salini, que me
recebeu em Canoas justamente no momento de crise da imprensa rio-grandense,
quando fui prestar o meu trabalho da área de assessoria de imprensa. Eu vou
passar o resto da noite aqui registrando e aí vocês vão ficar chateados porque
estou tomando o tempo de vocês. O Dr. Lourival Cardoso, que cuida dos meus
olhos. Sem ele eu não conseguiria enxergar o que tenho para dizer; mas eu não
vou ler o discurso que preparei porque o que disseram aqueles que me precederam
aqui - o Antonio Hohlfeldt, João Dib, Jocelin Azambuja -, o que eles colocaram
me abriu outro caminho, abriu uma avenida para, justamente, colocar para vocês
questões que não estão escritas neste discurso formal que eu havia realizado.
Eu estava contando aqui a minha história, mas minha história vocês sabem. Quem não
sabe, não é? É uma história tão “manjada”, vamos dizer assim.
Como eu disse, estou muito emocionado com a presença de vocês. Tenho
que registrar que aqui estão as pessoas que me são mais caras: minha tia
Valéria, que se movimentou lá do Jardim Lindóia e aqui está conosco; minhas
filhas, Ana Luíza e o marido, Luiz Figueiredo, que vieram de Florianópolis. E
mais: aliás, um “furo”, que o João Dib deu, anunciando a presença de meu neto
Luiz Felipe, que eu estava pretendendo reservar como a minha grande notícia do
dia. Ele já está próximo ao microfone, que já domina, fora canetas e outras
coisas. Sinal de que daqui a pouco é ele que estará aqui no meu lugar recebendo
este título, porque é catarinense; a Alessandra, minha filha, que estuda em Rio
Grande; o Alex Augusto Gonçalves, genro que ganhei; a Gabriela, que ganhei de
presente também. Enfim, toda essa gente e aqueles que são responsáveis, sem
dúvida, pelo espaço aberto que mantenho na Rádio Guaíba. Estão os colegas
Flávio Portela e todas as meninas que diariamente dão a sua contribuição. Sem
elas eu não faria nada porque, efetivamente, é o espírito de dedicação, o
sentido de entender o que é importante para a Cidade que me faz levar adiante
um programa que essas meninas, realmente, realizam.
Eu queria assinalar também uma presença muito importante. Eu recebi com
muita emoção esta homenagem do Antonio de Mello, porque uma coisa que estava
neste discurso, que não irei ler para vocês, como já disse, é justamente o
momento que considero que mais justifica essa homenagem que, afinal, Porto
Alegre está me prestando. Sou canoense e fiz uma pequena emigração - 16 km, que
hoje em dia não é nada. Quando a fiz era muita coisa, era uma aventura. Ora, um
menino chegar na Cidade de Porto Alegre como cheguei! Ainda recordo de uma
fotografia em que estou de mãos dadas a meu pai, feita por um desses
profissionais que trabalhavam na Rua da Praia, no dia 8 de agosto de 1942. Eu
tinha oito anos. Hoje, olhando a fotografia, lembro e penso que poderia ter
sido naquele momento, naquela visita, para mim, tão importante... Imaginem,
desembarcar do ônibus... Acho que o Lagranha fez essa viagem no sentido
contrário, porque primeiro ele veio a Porto Alegre e depois descobriu Canoas.
Desde então, nunca mais quis sair de lá. O ônibus encostava na Praça XV de
Novembro, atravessava essa praça e passava na frente do Chalé - e o Osvaldo
Guaranici já tomava chope naquele tempo, mas eu não sabia. Não é verdade,
Osvaldo? Subia os degraus encantados da Galeria Chaves, que era uma maravilha -
é como se hoje eu chegasse a Buenos Aires, por exemplo - e desembocava
maravilhado na Rua da Praia, e ali, então, fui fotografado segurando na mão de
meu pai. Naquele momento nasceu o meu caso de amor por esta Cidade, amor que
comecei a resgatar quando, naquela batalha dos anos 70, conseguimos evitar que
o Mercado Público, um símbolo de Porto Alegre - esse prédio maravilhoso que
abriga uma parte da história da Cidade - fosse demolido pelas chamadas
picadeiras do progresso. O Mercado Público ia ser demolido simplesmente para
ligar a Siqueira Campos com a Júlio de Castilhos. Imaginem o crime que ia ser
cometido. Graças a Deus, conseguimos, através da força da “Folha da Tarde” e do
“Correio do Povo”, evitar que se consumasse essa agressão irreparável à
história da Cidade. Por isso é que considero a presença do Antonio de Mello
muito importante, porque ele veio em seu nome pessoal, mas representando a
Associação dos Comerciantes, das pessoas que ganham a vida lá no Mercado
Público, um mercado que faz parte da nossa história. Quem não foi, uma vez na
vida pelo menos, tomar um sorvete ou uma salada de frutas no Mercado Público,
que é um pedaço da história de Porto Alegre? Este é o momento simbólico em que
eu resgato o meu caso de amor com esta Cidade.
Entre os meus amigos de infância que aqui estão está o meu amigo Paulo
Armando Ludwick, que tem um significado importantíssimo na minha vida, porque
eu morria de inveja. Eu era um menino e estudava no Colégio La Salle, aqui
representado, também. O Paulo Armando tinha uma moto. Vocês sabem lá o que é
ter uma moto? Naquele tempo, eu morria de inveja. Ele passou a ser uma das
pessoas que eu dizia que queria ser como ele. Pelo menos uma moto eu queria
ter. Não consegui chegar na moto. Passei por uma reles bicicleta motorizada.
Faço força para manter uma amizade que prezo muito e que tem mais de quarenta
anos.
Ser jornalista é mais ou menos como ser um membro desta Casa, embora
sem receber um mandato através de urnas. A obrigação do jornalista é sair por
aí e descobrir as coisas que estão acontecendo, ver o que está certo e o que
está errado, aplaudir o que está certo, criticar o que está errado - a função
exata que desempenha um Vereador. A diferença é que nós nos incumbimos disso.
Nós não recebemos essa missão que é colocada pelo povo. Temos o maior prazer em
apoiar o trabalho dos Vereadores, assim como apoiamos o trabalho dos Deputados,
dos empresários, dos professores, porque entendemos que a contribuição que se
pode dar a uma comunidade é através dessa dedicação de vinte e quatro horas. O
jornalista não tem tempo de ficar rico porque passa vinte e quatro horas
envolvido com as questões do jornal, do rádio e da televisão, tratando de
levantar os assuntos e batalhar por aquilo. Eu tenho inúmeros amigos
jornalistas: alguns com pouco tempo de atividade; alguns com muitos anos de
atividade; mas não conheço algum que tenha enriquecido na profissão. Ele não
teve tempo. Ele se dedicou, lutou pela comunidade. Vou repetir aqui a frase do
Gabriel Garcia Marquez que eu transcrevi nesse livro “Um Século de Poder”.
Gabriel Garcia Marquez diz que “os jornalistas não sabem, mas a sua profissão é
uma espécie de gênero literário, é como romance, como uma poesia, como um
teatro, mas é, sobretudo, a melhor profissão do mundo”. Por quê? Porque através
do jornalismo nós somos capazes de, ao longo de quarenta anos, recém metade da
minha carreira, já ter feito a quantidade de amigos que eu fiz, e só através do
jornalismo eu seria capaz, tenho certeza, de reunir gente da qualificação de
vocês todos que estão aqui, porque eu olho um por um e vejo a história de cada
um. Vejo meu velho amigo Paulo Jaurez Pedroso Xavier, historiador de primeira
linha. Enfim, tantos que aqui estão presentes. Em nenhuma outra profissão que
eu exercesse eu teria feito uma antologia de amigos como eu fiz, e continuo
fazendo, porque aqui estão presentes as garotas que trabalham comigo e que me
ajudam a levar adiante aquele programa, demonstrando que também elas estão
incluídas nessa minha antologia.
Muito obrigado pela distinção, pela honra e, sobretudo, muito obrigado
pela honra de terem vindo até aqui. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Na condição honrosa que
tive a sorte de ocupar hoje, como 2º Vice-Presidente da Casa, eu queria
manifestar, em nome da Mesa, a nossa alegria de reunir um público tão
importante, tão representativo. O Ver. Antonio Hohlfeldt falou em nome da
Bancada do PT, e eu estou aqui, também, em nome da Bancada do PT, como membro
da Mesa, dizendo aos senhores e às senhoras que este homem que é capaz de
vislumbrar um século do poder provocou em Porto Alegre tantas e tantas coisas,
que os oradores teriam que falar muito tempo para enumerá-las. Ele mesmo me
lembrou agora que, das primeiras entrevistas que tive quando chegava de Ijuí, e
já estava em Porto Alegre na Associação dos Arquitetos, eu fiz essa entrevista
com ele, e foi, justamente, na luta pela não-demolição do Mercado Público. Isso
para mim foi algo de iniciante muito bom.
Queria dizer que o espaço aberto que Walter Galvani propicia todos os
dias em seu programa é aquele espaço que todos nós estamos permanentemente
procurando. Hoje, no nosso País, a luta pela cidadania, pelo desenvolvimento da
pessoa e do cidadão é algo fundamental. Nós abraçamos essa luta com todas as
forças. Estamos vendo que o País está se transformando em um coletivo de
cidadãos, embora as dificuldades. Agora: além de ser um cidadão, nós estamos,
hoje, diante de um cidadão emérito, e a Câmara Municipal, ao produzir um
projeto por unanimidade como este que hoje estamos entregando, que é o Título
de Cidadão Emérito a uma pessoa que veio morar em Porto Alegre, ela não está
apenas saudando a este alguém que recebeu a honra, mas a Câmara está saudando a
população de Porto Alegre, porque está dizendo à população para que siga o exemplo
deste cidadão, que é cidadão emérito. Muito obrigado, Galvani, e muito obrigado
para todos. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 21h03min.)
* * * * *